Era uma vez um povo triste… que vivia num regime opressor. Então, surgiu alguém que o pôs a rir…
Raul Solnado nasceu em Lisboa em 19 de Outubro de 1929.
Foi indiscutivelmente reconhecido como um dos maiores nomes do humor português, começou a fazer teatro na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul (1947), profissionalizando-se em 1952. E desde daí nunca mais parou de nos fazer rir… opereta, revista, teatro clássico, cinema, televisão.
Raul Solnado faleceu no dia 8 de Agosto de 2009, vítima de doença cardiovascular. O actor estava internado no hospital Santa Maria e, na manhã, pelas 10h55m, foi confirmado o óbito. Segundo informou o hospital, Solnado sucumbiu na sequência da evolução de um quadro clínico cardiovascular grave, depois de ter sido operado à carótida, há três dias.
Foi até à sua morte, Director da Casa do Artista, sociedade de apoio aos artistas, que fundou juntamente com Armando Cortez, entre outros.
Como Chaplin, Fernandel, Jô Soares, Jerry lewis e tantos outros nomes grandes do humor, Raul Solnado tinha a capacidade de se transfigurar a um ritmo vertiginoso sempre que a personagem lho exigia. Os músculos do seu rosto contraíam-se e descontraíam-se em incontáveis caretas por segundo, acompanhadas por outros tantos gestos das suas mãos desassossegadas. Um frenesim que o levava mesmo a gaguejar ligeiramente, tornando as suas personagens ainda mais engraçadas. A expressividade foi, sem dúvida um dos segredos do sucesso deste actor, que, como todos os cómicos dignos deste nome, manteve até ao fim um sorriso de menino traquinas a franzir-lhe o rosto.
As gargalhadas fizeram atenuar a guerra.
Raul Solnado foi um actor de mil faces mas foi com gargalhadas que se impôs como uma figura mítica do espectáculo. E quando a guerra colonial era tabu e indiscutível, ele pôs Portugal a rir-se de uma guerra sem sentido, uma rábula que foi o seu maior êxito de sempre.
Raul Solnado inovou e revolucionou o humor em Portugal, pois defendia a piada inteligente e exigente, no lugar da piada fácil e ordinária. Um humor que esteve sempre na linha da frente e que esgotou bilheteiras nas principais salas de espectáculos do país.
Aqui fica a minha homenagem a esse grande humorista e a lembrança da advertência que nos fazia:
“Façam o favor de ser felizes…” Raul Solnado