
Entendemos por mensagens contraditórias aquelas em que se transmite uma ideia verbalmente, mas o emissor da mensagem comporta-se de maneira contraditória ao que diz. Quem recebe a mensagem tem muita dificuldade de entender isto e, geralmente, fica desconcertado, podendo tomar qualquer atitude a favor ou contra a mensagem. E não é só às crianças que acontece. Se formos ao médico e este nos disser que devemos deixar de fumar, que é um veneno, mas ele fumar, perderá bastante da sua credibilidade; mas, se o médico não fumar e nos disser: “Olhe, eu sou médico e conheço os perigos do tabaco. Vi muitos doentes por causa do tabaco e por isso, decidi não fumar”. “Tome a sua decisão conforme o que esperar da vida” (Mensagem de permissão).
Aqui, o médico não dá uma mensagem de proibição, ajuda a pensar, considera a outra pessoa capaz de raciocinar, de escolher o melhor para a sua vida e de tomar decisões. A mensagem final é de permissão, não de proibição. Esta mensagem é positiva, congruente e ajuda verdadeiramente a pessoa.
Se um pai disser:
- “Não mintas”. (Mas ele mentir).
- “Não fumes”. (Mas ele fumar).
- “Não bebas”. (Mas ele beber).
Contradiz-se e tem poucas possibilidades de que o seu filho ou a sua filha faça o que ele propõe.
Vejamos a experiência do Dr. Andrés Senlle:
“Vou contar um episódio sobre este tema: No ano passado, o meu filho André, de oito anos, andava preocupado com o cigarro. Imitava os que fumam, pedia cigarros, punha-os na boca e olhava para mim como que a perguntar-me: “Que me dizes?”. Pedia fósforos para acender os cigarros aos outros e imitava, com um lápis, os que fumam.
Em casa, ninguém fuma, mas também não comentámos a sua atitude.
Um dia, estávamos a passear em valência e ele perguntou:
- “Papá, tu, às vezes, fumas?”.
- “Não. Queres que te explique porquê?”.
E ele disse que sim e eu continuei:
- “Gosto muito do meu corpo; quero mantê-lo são, pois é parte do meu ser. Mas, primeiro, tenho de ter cuidado comigo. Por isso, considerando o que aprendi, estudei e vejo, decidi não fumar”.
“Muitas pessoas adoecem por fumarem demasiado. Se eu fumar aumento as possibilidades de adoecer”.
“Gosto de fazer desporto, de ser saudável e forte; ora fumar é o contrário do que quero para mim”.
“Esta decisão é boa para mim; outros tomam outra e eu não os critico”.
“Cada um pode decidir o que espera da sua vida”.
Não houve mais comentários, mas uns meses depois, ele disse:
- “Sabes, papá? Não fumarei, quero ser um bom desportista”.
A decisão já está tomada de forma autónoma, sem pressões nem proibições. Informei o seu Adulto, dei-lhe dados e fui exemplo congruente do que lhe tinha dito”.
As crianças copiam; portanto, se quiser que façam ou não façam alguma coisa, comece por dar exemplo.
PROF. KIBER SITHERC
