Paulo de Tarso, indo para Damasco, levou consigo cartas do sumo-sacerdote para prender os discípulos de Cristo, no caminho de Damasco teve uma visão, que lhe mudou toda a sua vida, pois ai se arrependeu e se converteu.
O caminho para Damasco ficou como sendo a expressão que simboliza o caminho para o arrependimento, da contrição e da conversão.
Também simboliza a expressão de Jesus: “nascer de novo”. Tornar-se uma pessoa diferente, isto é, mudar de pensamento, de carácter, de hábitos e de destino.
A diferença entre Che Guevara e Gandhi é que o primeiro, propôs uma revolução externa na violência, o segundo, uma revolução interior baseada na não-violência.
É claro que, de acordo com os princípios básicos do actual modelo de civilização, são necessárias algumas condições mínimas de conforto, para que seja possível o aparecimento do bem-estar, mas ainda é mais claro que a partir daí as suas determinantes essenciais correspondem mais ao universo interior do que ao contexto ambiental.
As estruturas externas enquadram o homem, mas não determinam. É mais fácil que as pessoas influam em si próprias para melhorar a realidade do que pretender que a realidade as melhore a elas. Um determinado sistema de organização social baseado em princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, como propunha a Revolução Francesa, pode propiciar um certo índice de bem-estar, mas nunca a felicidade.
Todas as grandes revoluções que aconteceram, foram importantes ao longo da História mas todas falharam quanto ao preenchimento da felicidade, apesar do conforto material que muitas delas proporcionaram.
Historicamente todos os acontecimentos revolucionários que se produziram tinham um destinatário exterior. Eram dirigidos aos “outros”: à nobreza, aos burgueses, aos capitalistas, aos conservadores ou, simplesmente, aqueles que, segundo a ideia do revolucionário da altura, podiam opor-se aos seus desejos ou frustrar os seus projectos.
Já conhecemos os resultados a que conduziu este modo de exteriorizar a revolução. Milhões e milhões de mortos em nome de louváveis ideais de igualdade.
Os sistemas não mudam as pessoas; são as pessoas que podem mudar os sistemas. A revolução interior é uma revolução que não é contra ninguém, nem tenta mudar ninguém, excepto nós próprios. Pretender mudar o próximo é um projecto tão inviolável quanto é executável gerar a nossa própria mudança. Freud afirmava: “Ninguém pode entender senão o que está dentro de nós”.
Os revolucionários clássicos pretendiam transformar o mundo e esse objectivo parecia-lhes tão importante que os levou a violentar a vontade e a vida das pessoas que se opuseram nos seus propósitos. “O caminho para Damasco”, ou seja a revolução interior propõe exactamente o contrário: respeitar a vida e as ideias alheias e limitar os confrontos aos que cada um possa ter com as suas contradições internas específicas.
O caminho para Damasco, é o caminho para a felicidade, o caminho da mudança, da revolução interior. É preciso desejar transformar-se. A mudança é a essência da vida. As pessoas crescem em estatura e, enquanto crescem, mudam.
Normalmente queremos que as outras pessoas mudem, e esquecemo-nos que a mudança começa por nós. É chegada a altura de pegar na sua lista de coisas que estão erradas consigo e mudá-las em afirmações positivas.
Tome a decisão de estar disposto a mudar, as mudanças são necessárias. Para a psicologia, não há um destino que torne a pessoa imutável. O “Eu sou assim” é uma resposta aprendida na infância dos comentários feitos pelos pais, familiares ou educadores. Todas as pessoas nascem com a possibilidade de mudar, aprender e desenvolver-se.
Publicado em Outubro de 2010, na Revista Boa Estrela pelo
PROF. KIBER SITHERC
PROF. KIBER SITHERC