Aracnofobia é o medo (ou fobia) de aranhas. É a mais comum das fobias e possivelmente a fobia de animais mais extensa. As reacções dos aracnofóbicos parecem frequentemente bem irracionais às pessoas, e mesmo ao próprio afectado. Ele tenta permanecer o mais longe possível, de todo o local onde pensa que habitam aranhas, ou onde observaram aranha. Por mais incrível, devido à fobia, eles vêem aranhas aparecerem em todos os lugares.
Essas ideias definem até lugares onde elas vão passar férias, desportos que virão a praticar, tudo para evitar qualquer contacto com aranhas. Se virem uma aranha perto de algum lugar onde vão entrar, evitam entrar nesse lugar, mesmo que a distância entre o local e onde está a aranha seja grande, ou ao menos terão antes, que fazer um esforço para controlar o seu medo.
A reacção dessas pessoas, exposta a uma aranha, pode provoca os seguintes sintomas: respiração rápida, taquicardia e até náuseas.
Como a maioria das fobias, o aracnofobico pode ser curado com tratamento psicológico. A forma habitual é usar os métodos que expõem gradualmente o fóbico ao animal que lhe dá medo, mas também existe um sistema de choques em que a exposição é de grande intensidade, e se realiza subitamente.
Qual será a origem do medo?
Como um animal tão pequeno pode despertar um medo tão grande? Esse é um mistério ainda para muitos psicólogos. Porém, existem hipóteses satisfatórias. Existe o lado biológico, em que o medo às aranhas seria uma vantagem evolutiva para a sobrevivência e, consequentemente, a perpetuação da espécie.
Mas ao que tudo indica a explicação é cultural. O medo existe sobretudo na mente ocidental. O pesquisador Geoffrey Isbister afirma sobre o assunto: "muitas culturas referenciam aranhas ou vêem-nas como símbolos de boa sorte".
Isbister, ainda diz que o motivo para a fobia pode se encontrar em raízes históricas, como a história do Tarantismo, doença surgida na cidade de Taranto (Itália) que teria ameaçado a Europa entre os séculos XV e XVII. Como explica Aline Gatto Boueri:
Aranhas da espécie Lycosa tarântula foram acusadas de causar esse mal cujos sintomas eram suor, tremor, insónia, dor, rigidez corporal e fraqueza. Curiosamente, acreditava-se que, para curar-se, o doente deveria dançar freneticamente durante quatro dias. Enquanto em alguns lugares a doença acabou associada à loucura por conta disso, em outros se tornou um pretexto para orgias ou festivais de dança, o que deu origem à famosa tarantela.
As aranhas no cinema:
A aracnofobia foi representada no cinema pelo filme de suspense Arachnophobia do director Frank Marshall. O filme conta a história da família de um médico que decide se mudar para o interior, sendo que em sua casa começam a surgir aranhas e mortes começam a acontecer. O médico, Dr. Ross, era aracnofóbico. O que se passa na cidade pode ser a solução para ele acabar com o medo que o persegue desde a infância.
O filme foi a estreia de Frank Marshall como director. As aranhas utilizadas no filme vieram da Nova Zelândia e eram inofensivas aos actores. O filme estreou nas bilheteiras em 1990.
E em Harry Potter, o personagem Ronald Weasley também tem aracnofobia. No seriado Friends, o personagem Ross Geller tem aracnofobia.
Há uma terapia desenvolvida pela psicóloga Laura Carmilo Granado e pelo neurocientista Javier Peláez, da USP, consistia em observar imagens com características subtis de aranha duas vezes por dia. As imagens activam uma das áreas do cérebro dos aracnofóbicos ligadas à reacção de medo, o tálamo. Para provocar o medo é preciso que o tálamo e a amígdala estejam em acção, mas as fotos não activam a amígdala. "O tratamento torna a conexão entre essas duas regiões cerebrais menos intensa, de modo a 'enganar' o cérebro e a diluir a fobia", explica a psicóloga Laura Carmilo Granado. "Os próprios pacientes diziam que as fotos lembravam aranhas mas que eles não sentiam medo". A cura só é definida de facto quando o paciente encontra uma aranha numa situação quotidiana e não sofre nenhuma reacção fóbica, como medo, sudorese e taquicardia. Com apenas quatro semanas de terapia, 42% dos pacientes foram considerados curados.
Vejamos o testemunho de uma paciente curada por essa terapia. “Coloquei-me à disposição. O tratamento durou seis semanas. Nesse período vi uma série de fotos duas vezes por dia. Nenhuma delas continha uma aranha, mas sim imagens cuja forma lembrava o insecto. À medida que eu via as fotos, consegui aos poucos parar de revistar o quarto e até pronunciar a palavra 'aranha', que evitava.
Na última semana a psicóloga me incentivou a me aproximar de um poster de uma aranha a 30 m de distância. Caminhei devagar até tocar a imagem! Como se não bastasse, ainda manuseei uma caixa transparente com uma aranha dentro. Foi um verdadeiro desafio ver o bichinho tão de perto sem tremer, mas eu consegui.
Curada da aracnofobia há dois anos, passei a fazer tudo o que tinha vontade, como pescar e me sentar na grama. Também decorei meu quarto com tapetes e móveis rente à parede. Hoje, quem diria, tenho até simpatia pelas aranhas, tanto que salvei uma de ser apedrejada pelas crianças no condomínio dos meus pais”.
Respire profundamente. Quando sentimos medo, retemos a respiração, o cérebro deixa de se oxigenar e fica entorpecido, a circulação sanguínea fica enfraquecida e o cérebro deixa de se irrigar convenientemente. Procure respirar enchendo profundamente os pulmões de ar, verificará então um grande autodomínio e segurança.
Use o conhecimento. Usando os factos e a lógica distancia-se do medo. Se tem medo das aranhas e dos insectos, procure saber algo a cerca deles e verificará que a maioria são inofensivos e muito interessantes e procure ter alguns para se familiar com eles. O conhecimento dissipa o medo; a ignorância poderá gerar o pânico.
PROF. KIBER SITHERC