Em 1951, um neurocirurgião da Universidade de McGill, de Montreal, Canadá, o Dr. Wilder Penfield, realizou notáveis descobertas relacionadas com os fenómenos perceptivos, mediante uma série de experiências, nas quais estimulava o córtex temporal do cérebro com uma sonda galvânica.
Entre o estudo importante que realizou, Penfield conseguiu demonstrar que, no cérebro, gravam-se e evocam-se em conjunto acontecimentos e sentimentos. Quer dizer, qualquer facto observável é registado juntamente com um sentimento e, quando se evocam, aparecem sempre juntos.
Nessa época, um psiquiatra da mesma universidade, que estava no processo psicanalítico havia vários anos, Dr. Eric Berne, canadiano, foi muito influenciado pelas investigações de Penfield.
Procurando um sistema mais rápido de análise, Berne pôs a hipótese de a conduta de uma pessoa ser muito influenciada pelas experiências gravadas juntamente com sentimentos na infância.
A relação entre duas pessoas depende dos factos passados por cada uma e da maneira de exterioriza-los. Existe entre elas uma série de transacções que depende da personalidade de cada uma.
Observando os seus pacientes, notava que, algumas vezes, actuavam de uma forma muito adulta, mas que mudavam bruscamente adoptando, umas vezes, posições físicas, acções ou raciocínios infantis e, noutras ocasiões, tomavam posições, gestos ou frases de autoridade.
Berne perguntou a si mesmo: Porque existem estas mudanças?
Nessa altura, reunia-se frequentemente com psicólogos, clérigos, sociólogos, médicos e especialistas que enriqueceram a sua teoria embrionária.
Por volta de 1954, formulou a Análise Estrutural, mediante a qual tentou analisar a personalidade, partindo de três estados básicos: Pai, Adulto e Criança. Segundo a sua teoria, o Pai é o conteúdo das normas, padrões e proibições impostos na infância, por progenitores, familiares e professores. O adulto é como um “computador” que recebe e processa informação. A Criança representa os sentimentos, os impulsos e a emoção.
Pouco depois, Berne apresentou a sua teoria da personalidade, na qual identificou três estados de conduta (Pai, Adulto e Criança) como pertencentes ao Ego. Então adoptou o nome de Análise estrutural, para a sua teoria.
Berne descobriria mais tarde que, no Pai, havia características diferentes, Crítica e Protecção; que o Adulto não era um simples “computador”, mas que completava como um “ethos” e um “pathos”; e que a Criança, por seu lado, tinha a Adaptação, ao mesmo tempo que os impulsos naturais, livres e ambivalentes, e também um “Pequeno Professor” que questionava determinadas atitudes e condutas, manejando-as para obter amor, carinho e afecto. Assim nasceu a Análise Estrutural, de Segunda Ordem, representando mais complexo da personalidade e que permitiu explicações mais profundas sobre o comportamento humano.
1955, observou que a comunicação entre as pessoas é diferente, de acordo com o estado do Ego nesse momento. Define a “transacção como unidade básica da comunicação humana, palavra que dará um novo nome à sua teoria: “Análise Transaccional”.
Em 1956, o Dr. Eric Berne ao aprofundar os seus estudos, descobriu que as pessoas fazem verdadeiros jogos de comunicação que, de algum modo, marcam a sua vida, sendo estes jogos semelhantes aos das crianças, nos quais a personagem adopta sempre um papel identificável e constante.
Em 1965, Berne continuou as suas investigações. Perguntava aos presos: “Em que idade vais morrer?”, “Como vais morrer?”. Aos empregados que não conservavam os seus lugares: “Como vais fazer para perder o emprego?”. Aos pacientes e amigos em geral: “De que morrerás e quando?”
Observou que as pessoas fazem inconscientemente uma autêntica planificação que as levará ao desenlace dramático das suas vidas. No entanto, esta planificação obedece a determinadas influências sociais, culturais e familiares. Essa planificação é o guião da vida.
Diz Berne: “O guião afecta toda a vida humana, desde o nascimento, ou ainda antes, até à morte”. Veja neste tag: “O guião da vida”.
Nessa época, a força da Análise fundamenta-se nos guiões e Berne define-se como “analista de guiões”. Nesta etapa, o próprio Berne comenta: “Entre as objecções espirituais, filosóficas, racionais, doutrinais, empíricas, desenvolvimentistas e clínicas, a relação da “teoria dos guiões” com a psicanálise tem muitos pontos em comum”. “Como doutrina, a análise de guiões não é independente da psicanálise nem lhe é alheia”. “Os analistas de guiões subscrevem as doutrinas de Freud na sua totalidade e somente desejam acrescentar alguma coisa à luz de experiências ulteriores”.
O Dr. Berne morreu em 1970 e os seus seguidores continuaram a aprofundar toda essa teoria extraordinária. Em São Francisco, nos Estados Unidos, Karpman foi o criador da técnica do “Triângulo dramático” (Perseguidor, Salvador e Vítima). Veja neste tag: “Não queira ser vítima”.